Quando uma
criança nasce, o primeiro grupo social a que ela pertence é a família, que é a
base, o alicerce de toda sua estrutura. É na família que a criança vai buscar
apoio, carinho, atenção, estímulo, atitudes, valores, segurança e equilíbrio
emocional que são fundamentais para um desenvolvimento infantil saudável.
O diálogo é
o elemento fundamental para um bom funcionamento familiar. Ele deve permitir as
diversas opiniões e perspectivas das pessoas que fazem parte dela e dar
oportunidade para uma abertura de ideias e respeito à opinião de seus
componentes, resolvendo assim possíveis conflitos. Isso favorece uma melhora na
qualidade das relações e no fortalecimento dos vínculos.
Mas, com o
mundo moderno e o stress do dia a dia está cada vez mais difícil as famílias arrumarem
tempo para o diálogo e para interagirem umas com as outras. Isso provoca o
distanciamento entre os membros da família e quem sofre mais com isso são os
filhos, pois é por meio do diálogo que a criança expressa seus sentimentos,
seus conflitos e opiniões.
O papel dos
pais é estar presente, mostrando interesse pelo que ocorre com seus filhos
diariamente. Eles devem proporcionar momentos de prazer para dialogarem. Sempre
devem elogiar o que for positivo e muito cuidado com as críticas. É preciso que
os pais respeitem o pensamento das crianças, não debochem e nem menosprezem o
que a criança falar, e o mais importante é escutar o que seus filhos desejam
falar. Muitos pais não permitem que as crianças se expressem e logo vão tomando
atitudes que para eles são as mais convenientes. As crianças percebem tudo isso,
pois são muito sensíveis e perceptivas.
Observe que
escutar é diferente de ouvir. Ouvir é entender a ideia, o significado da
palavra. Escutar necessita dar atenção, sentir,
perceber e é uma grande demonstração de carinho, afeto e amor. Escutar é
decifrar a criança, compreendê-la além da linguagem verbal.
Quantas vezes
ficamos frustrados quando conversamos com alguém que está nos ouvindo apenas,
sem prestar atenção no que estamos falando?
Muitos pais
evitam esse diálogo porque não aceitam o erro dos filhos e a todo o momento os reprimem,
causando assim muita frustração nos filhos por eles não serem compreendidos e não
conseguirem expressar seus sentimentos.
Muitas
discórdias entre pais e filhos seriam evitadas se os pais pudessem livrar-se de
preconceitos de como eles ou seus filhos devem ser ou agir. Os pais devem ter a
sensibilidade de perceber que a forma de pensar de uma criança não é a mesma de
um adulto, com argumentos lógicos, pois o mundo da criança é instintivo e
mágico.
Não devemos
perder a paciência com facilidade. Há momentos em que devemos sim, mostrar para
a criança também nossos sentimentos e descontentamentos, desde que seja de
maneira sincera e condizente com o momento. Precisamos ser humildes o
suficiente para percebemos se nossas atitudes estão erradas e diante da criança
pedir desculpas, porque a criança aprende por imitação e com certeza diante
desta atitude do adulto ela irá aprender também a pedir desculpas se o
comportamento inadequado for o dela.
Temos de compreender
que as crianças esperam dos adultos que cuidam dela segurança e firmeza em nas
suas colocações, mas elas têm necessidades de mostrar seus sentimentos, e
muitos adultos se esquecem de que elas são seres humanos que apesar de pequenos
já têm suas opiniões e emoções e que precisam ser ouvidos. Muitas vezes as
crianças têm razão em suas colocações e aprendemos muito com elas. Não ouvi-las
prejudica sua autoestima e lhes causa insegurança. Devemos primeiro ouvir o que
ela quer saber e responder o que a criança pergunta com simplicidade, porque se
ela não estiver satisfeita continuará perguntando.
Muitas
vezes, os pais se queixam que dão broncas, falam e os filhos não escutam. Será
que eles param para escutar e dialogar com seus filhos o fato ocorrido. Será
que eles param para entender porque aquela criança está tendo um determinado
comportamento?
Os pais
devem pensar que dialogando com as crianças irão desenvolvê-las como pessoas
íntegras e contribuirão para seu crescimento intelectual, cognitivo, emocional
e afetivo. Com o diálogo as crianças aprenderão a ter limites e desenvolverão
todo o seu potencial tornando-se responsáveis pelas suas ações e reações.