1 de abr. de 2014

O BRINCAR NO OLHAR DA CRIANÇA E DO ADULTO

O olhar de uma criança é transparente, autêntico, singular, nele podemos ver com toda clareza suas alegrias e tristezas. Sua espontaneidade está sempre presente em tudo que ela faz.
Se observarmos as crianças por onde passamos, seja nas ruas, numa praça, na escola, poderemos percebê-las simbolizando muitos papeis, se exercitando, usando muito sua criatividade. Com certeza tudo isso está contribuindo para o seu desenvolvimento. 
A criança sempre brinca. Observa-se, frequentemente, a atividade lúdica presente enquanto comem, enquanto realizam atividades de higiene e o quanto relutam em parar de brincar para realizar estas atividades ou até mesmo para dormir. O mundo lúdico é o elo entre a realidade interna e a realidade externa, compartilhado com outras pessoas.
A verdadeira comunicação se dá neste ambiente de brincadeira. O brincar é essencial, diz Winnicott, porque é através dele que se manifesta a criatividade (WINNICOTT, 1975, p.80).
A interação lúdica relacionada com o cognitivo e o afetivo proporciona um amadurecimento emocional e vai aos poucos construindo a sociabilidade infantil.
O momento em que a criança está absorvida pelo brinquedo é um momento mágico e precioso, em que está sendo exercitada a capacidade de observar e manter sua atenção concentrada. Isso proporcionará experiência e produtividade quando adulto.
Segundo Lapierre, o adulto, na função de educador, reeducador ou terapeuta tem um papel importante no desenvolvimento infantil. Para isto ele deve ter conhecimento teórico, objetivos bem definidos e principalmente um olhar da própria vivência a fim de obter o autoconhecimento e autoconsciência, e só então poderá entender o que a criança vivencia. Desta forma, o adulto estará mais preparado para interagir com o mundo infantil, de maneira adequada às necessidades da criança, sem projetar-se.
O educador ou o adulto que está interagindo na brincadeira com uma criança deve ser também um facilitador da mesma deixando-a manifestar seu eu interior de forma espontânea e criativa, dando abertura para desenvolver sua autonomia.
É necessário que a criança adquira confiança em quem vai trabalhar com ela. Winnicott nos remete a esta questão em seu livro “O Brincar e a Realidade”, onde cita que a criança só se exprime criativamente quando brinca, e para que isto ocorra na presença do adulto, é preciso que sinta a disponibilidade do mesmo.
Vygotsky vem quebrar a dicotomia de que o mundo adulto é sério e real e que o   mundo infantil é lúdico e fantasioso. Fantasia e realidade se realimentam e possibilitam que a criança, assim como os adultos, estabeleça conceitos e relações, insira-se enquanto sujeito social. Ele sinaliza que, ao brincar, a criança não está só fantasiando, mas fazendo uma ordenação do real.
Sendo assim, o adulto ao brincar com uma criança, deve buscar sua criança interior e fazer este momento prazeroso. Deve também propiciar um ambiente que facilite suas descobertas e seu crescimento como um todo.
"Ao brincar com a criança, o adulto está brincando consigo mesmo".

(Carlos Drummond de Andrade)