Precisamos ficar
atentos quando observamos que uma criança tem dificuldade em matemática.
Normalmente achamos comum por se tratar de uma disciplina complexa e com a qual
muitos não se identificam. Mas, não é bem assim que as coisas funcionam.
Essas dificuldades
podem ocorrer por fatores mentais, psicológicos ou pedagógicos.
O desenvolvimento cognitivo
do ser humano está relacionado a fatores sociais, biológicos e afetivos. A
aprendizagem é um processo contínuo e gradual, e cada indivíduo tem o seu
ritmo, seja ele mais lento ou mais rápido, desde o nascimento até o último dia
de sua vida.
Durante todos os
momentos das nossas vidas vamos construindo e reconstruindo nossa aprendizagem.
Essa aprendizagem vai depender da herança genética, da maturação do sistema
nervoso, do esforço, interesse e envolvimento.
Estudos relatam que a
dificuldade do conhecimento matemático pode estar relacionada ao processo de ensino-aprendizagem,
na transmissão mecânica em vez de significativa, deixando de privilegiar a
investigação e a reflexão, sem contar os problemas cognitivos e afetivos, como
também déficit de atenção, que podem gerar dificuldades no processo de
aprendizagem da matemática.
Muitas vezes o que
ocorre é uma estruturação inadequada do raciocínio matemático em função de uma
didática equivocada e excesso de conteúdos.
Segundo José Coelho
(2002), para a aprendizagem ser significativa, é necessário que a aprendizagem
envolva raciocínio, análise, imaginação e relacionamento entre ideias, coisas e
acontecimentos.
A discalculia é um
dos transtornos de aprendizagem que causa a dificuldade na aprendizagem matemática.
Este transtorno não é causado por deficiência mental, déficits visuais ou
auditivos, nem por má escolarização, por isso é importante não confundir a
discalculia com os fatores citados acima.
Uma definição mais
recente, de acordo com o DSM-IV*, define
discalculia do desenvolvimento como uma dificuldade de aprendizagem
em matemática, cujo diagnóstico é estabelecido quando o desempenho aritmético é
substancialmente inferior ao esperado para a idade, inteligência e educação.
A
discalculia é um distúrbio neurológico que afeta a habilidade com números. É um
problema de aprendizado independente, mas pode também estar associado à
dislexia. Já pode ser notada a partir da pré-escola, quando a criança tende a
ter dificuldades em compreender os termos já utilizados, como igual, diferente,
porém somente após a introdução de símbolos e conceitos mais específicos é que o
problema se acentua. Mas, o diagnóstico não deve ser feito antes do 3º ano do
ensino fundamental. O problema principal está em
compreender que o problema não é a matemática e sim a maneira como ela é
ensinada às crianças. Dentre os tipos de desordem de aprendizagem, a
discalculia é o menos conhecido e, por isso, não é frequentemente reconhecida.
A intervenção com relação aos alunos com dificuldade na
matemática exige muito tempo, esforço e, sobretudo que os professores repensem as
suas formas e atitudes de ensinar a matemática.
Os professores devem buscar estratégias cognitivas
específicas para a resolução de problemas e, sempre que possível, trabalhar
individualmente com estes alunos.
Também é interessante que proponham jogos na sala de aula, já
que os jogos são uma boa opção para ajudar na visualização de seriação, de classificação,
as habilidades psicomotoras, habilidades espaciais e a contagem. Com os jogos,
o processo de aprendizagem é desenvolvido de forma cognitiva, social, emocional
e ética.
Para finalizar, todos devem ter em mente que o aprendizado deve
ser significativo e envolver o aluno emocionalmente, deixando-o tranquilo para atribuir
energia a esse aprendizado, e assim, despertando a motivação.
Não podemos esquecer que a família também deve acompanhar a
dificuldade da criança ou adolescente, sendo orientada da importância em fazer
um diagnóstico que irá direcionar o percurso que será realizado com o aluno,
pois a criança precisa se sentir acolhida neste momento.