Vou iniciar esse texto relatando uma
experiência vivida em consultório com uma criança de 8 anos de idade, cuja
queixa da família e da escola dizia respeito à falta de foco, comportamento
imaturo e desinteresse em geral, e isso estava refletindo na aprendizagem e
alfabetização.
Através do processo do diagnóstico
psicopedagógico identifiquei a falha que existia no início da sua vida
escolar, ainda na educação infantil. Mostro com isso a importância do “olhar
psicopedagógico” para contribuir com uma intervenção que ajude essa criança a
sentir interesse e motivação em relação ao processo de ensino-aprendizagem.
Um olhar através das palavras e comportamentos
que não só definem o seu mundo exterior, mas principalmente o mundo interior
que essa criança está vivenciando em emoções e pensamentos. No caso em questão,
seu emocional está comprometido, pois, seus colegas já conseguem ler e ela
ainda não. Se sente inferiorizada e comenta que só ela não sabe.
Segundo Chauí, os olhos podem ser “a janela da alma e o
espelho do mundo”.
Sendo assim, o processo educativo depende de o educador ter
o desejo e se realizar com o ensinar para despertar no aluno o desejo de
aprender, buscando as condições necessárias para a sua aprendizagem.
Também não podemos nos esquecer de que cada
criança é única e devemos buscar outras estratégias para que o aprendizado
aconteça.
Sinto, ainda, na educação a falta de escuta e
abertura do educador. É necessário mudar
esse olhar para criar um vínculo maior com o conhecimento do seu aluno de modo
individual para que ocorra realmente a aprendizagem.
Essa educação com o olhar apurado demanda uma
atenção, presença e entrega ao outro, já que dessa forma o educador será capaz
não somente de enxergar o aluno, mas também observá-lo, para compreender como
esse aluno pensa, como se relaciona consigo mesmo, com os outros e com o
conhecimento. Mas, esse olhar não pode ficar só na mão do professor. É preciso
que os pais e escola também percebam a necessidade, limitação e desejo desse
educador para que haja a aprendizagem não como uma mera transmissão de
informações entre o professor e o aluno, mas uma troca de experiências e
participação de todos que estão envolvidos com esse aluno, criando um vínculo para
entender não somente o seu mundo exterior, mas também a relação com suas
necessidades internas. Isso é preciso pois, se ocorrer uma frustração ou
bloqueio de suas necessidades internas, esse aluno não conseguirá internalizar
sua aprendizagem.
A escola e o educador devem orientar os pais
a procurar um profissional em psicopedagogia pelo bem-estar da criança, para que
seu desenvolvimento e crescimento aconteçam de forma saudável, uma vez que esse
profissional por ter esse olhar diferenciado ajudará essa criança a melhorar o
seu desempenho escolar e, por
consequência, a sua autoestima.